No Brasil, motoristas que dirigem com sono são
responsáveis por 42% dos acidentes de trânsito, é o que revela o diretor
de comunicação do Departamento de Medicina Ocupacional da Associação
Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), doutor Dirceu Rodrigues
Alves Júnior. Além disso, 18% dos acidentes são ocasionados pela fadiga
dos motoristas. Juntos, o sono e o cansaço representam 60% dos acidentes
causados no país.
Estatísticas mundiais da National
Traffic Safety Administration (NHTSA), uma entidade americana de
segurança viária revela que 40% dos acidentes nas estradas são causados
por motoristas cansados. Só nos EUA, são 100 mil acidentes por ano, com
1.550 mortes.
Segundo Alves, para dirigir, o
motorista precisa de três funções importantes: a primeira é a cognitiva,
ou seja, a atenção, vigia, concentração, raciocínio e agilidade mental.
A segunda função é a função motora, que permite que o condutor tenha
respostas imediatas e a última é a função sensório perceptiva que
abrange o tato, a visão e a audição. Para que estas funções funcionem de
maneira adequada, é necessário que o sono esteja em dia. É possível
dizer que dormir o necessário é tão importante quanto dirigir sem beber.
“O sono é semelhante à ação do álcool sobre o organismo”, completa o
diretor.
Além do sono fisiológico, ou seja, a
necessidade biológica do indivíduo de dormir existe também o sono
ocasionado pelo cansaço. “No veículo nós temos o ruído, a vibração, e as
imagens que passam no campo visual e que funcionam como um pêndulo,
fazendo a hipnose do indivíduo. Estes elementos também são indutores do
sono, pois fazem lembrar a mãe ao embalar o filho para dormir”, comenta
Alves.
Para o coordenador do Centro de Estudo
Multidisciplinar em Sonolência e Acidentes da Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp) e chefe da disciplina Medicina e Biologia do Sono,
Marco Túlio de Mello, dirigir durante todo o dia, inclusive durante a
noite, traz consequências a curto e longo prazo. “A curto prazo, ocorrem
alterações no humor. As pessoas ficam mais irritadas, pode ocorrer
perda de memória, atenção, concentração e reflexo. A longo prazo, o
sistema imunológico cai, fazendo com que este indivíduo fique mais
vulnerável a gripe, além da perda de massa muscular”.
A
dica para aqueles motoristas que querem cumprir seus prazos diários sem
comprometer o sono é, segundo Mello, respeitar a necessidade de quanto
você gosta de dormir e como você gosta de dormir. Cada pessoa tem um
tempo de sono específico. “Algumas pessoas precisam dormir menos de 6h,
enquanto outras necessitam biologicamente dormir mais do que 9h”. No
geral, a média de sono da população é de 7h40.